Ainda este ano teremos o lançamento de Batman: Arkham Origins, um jogo que está sendo aguardado por muitos por ser o terceiro da aclamada série Arkham e que não será uma sequência e sim um jogo que mostrará Batman em seu início de carreira e se deparando com certos vilões pela primeira vez. Com isso, é válido fazer uma análise do último jogo da série pra quem não chegou a jogar e está na dúvida se vale a pena investir só porque está sendo elogiado.

Batman: Arkham City é um jogo de ação/aventura que foi desenvolvido pela Rocksteady e lançado pela Warner Bros em 2011 e foi muito bem premiado, mas a versão para Wii U só chegou em 2012 com a Armored Edition, uma edição que vinha com os DLCs, trazendo recursos adicionais (falaremos disso mais tarde) e uma sutil mudança na jogabilidade devido ao uso da gamepad.




Enredo

Devo começar destacando que os acontecimentos do primeiro jogo da série, Arkham Asylum, refletem no conceito do enredo de Arkham City, mas sem fazer com que quem não jogou o anterior se sinta perdido ao jogar esse. O jogador em momento algum deixa de entender o que está acontecendo mesmo sem saber o que se passou antes.

Após os acontecimentos do primeiro jogo, o prefeito de Gotham decidiu expandir Arkham murando bairros inteiros de Gotham e transformando o então asilo em uma espécie de cidade-prisão em que praticamente a única regra seria a de que os criminosos não poderiam sair de lá. É claro que Bruce Wayne viu a treta que isso iria dar e resolve usar de sua influência de figura pública para fazer uma campanha contra a ideia, mas durante uma coletiva de imprensa ele é sequestrado a mando de Hugo Strange, que tem conhecimento de que ele é Batman e ameaça revelar esse fato se ele interferir em seus planos.

Depois disso, Bruce é solto em Arkham onde acaba tendo que enfrentar Pinguim e seus capangas. Aliás, foi uma sacada muito boa você começar controlando Bruce Wayne antes de se vestir de Batman e depois colocar o traje, que é enviado para Arkham pelo Alfred. O objetivo de Batman não é sair de Arkham e sim descobrir o que está havendo e do que se trata o Protocolo 10, plano secreto de Hugo Strange.

Nessa versão também se joga um modo história com a Mulher-Gato, que acaba por ter importante no enredo principal. Apesar disso, a parte que diz respeito exclusivamente a ela não é tão bem explorada quanto poderia ter sido, e de início sua motivação pessoal é continuar fazendo suas coisas de ladra e pra levar seus planos adiante ela deve buscar ajuda da Hera Venenosa (que não confia muito nela).

Conforme a história avança, ela vai prendendo o jogador. Vilões conhecidos dão as caras, seja em objetivos principais ou secundários. Bane, Duas-Caras, Mr. Freeze (ou Senhor Frio), Charada e tantos outros irão aparecer, mas é evidente que ninguém rouba a cena como o Coringa, que está doente e prestes a morrer (mas não está fraco e promete tocar o terror como sempre). Várias informações sobre todos os personagens que aparecem (incluindo em qual hq eles estrearam) ficam disponíveis no banco de dados do jogo que vai sendo atualizado conforme Batman os encontra e vai completando as missões.

Há indícios de que o arco da hq intitulado A Queda do Morcego tenha servido de inspiração para alguns elementos do enredo. Por exemplo, o fato de no decorrer do jogo Batman ficar visualmente cada vez mais prejudicado e os esporádicos encontros com Azrael, apesar de não fazerem parte da história principal.

A propósito, se você começar a jogar esse jogo, termine. Não deixe pela metade, não esse jogo. Você precisa ver o desfecho da história. Sério, você precisa.


Gameplay

A jogabilidade de Arkham City é em partes uma evolução da já boa jogabilidade de Arkham Asylum, mas também apresenta inovações importantes. A principal diferença é que agora há uma cidade em mundo aberto para ser explorada, e você vai querer explorar, mas se tentar sair dos limites da cidade vão atirar em você (ótimo recurso para não precisar usar paredes invisíveis). Há também novos equipamentos e as missões envolvendo o Charada onde você deve procurar pistas, resgatar pessoas e resolver puzzles, muitos puzzles, para pegar as tais pistas que são troféus em forma de ponto de interrogação,verdes para o Batman e rosa/lilás (não sou muito bom com algumas cores) para a Mulher-Gato.

O personagem é controlado em terceira pessoa e o jogo em si tem diversos elementos de stealth. Como vários jogos do gênero, jogar de modo sorrateiro é opcional mas fortemente recomendado. Caramba, você é o Batman! Não só os cenários em geral têm diversas formas de se esconder como vários equipamentos presentes no jogo servem para auxiliar na tarefa. Se um inimigo te vê, ele alerta os outros e todos ficam sabendo da presença ali, assim como vão investigar algo se não te viram mas encontraram um parceiro desmaiado no chão, mas em geral não são tão inteligentes assim porque se esconder deles em geral não é uma tarefa muito difícil. Ah, e o barulho também conta, então é recomendável que seja silencioso na hora de nocautear alguém quando houver outros inimigos no recinto.

Ninguém tá me vendo, ninguém tá me vendo, ninguém tá me vendo...

Sobre os puzzles, há aqueles que são fáceis e aqueles que são mais difíceis, mas dificilmente o jogador terá grandes problemas se ele for mais atento. Em minha experiência de jogo eu tive dificuldades mais em relação aos puzzles necessários para conseguir algumas pistas do charada, de modo que eu não consegui pegar várias delas (acho que vou ter que recorrer ao google). Batman possui o modo visão de detetive (na Mulher-Gato é visão de ladra) que permite visualizar melhor elementos de interesse do jogador, detalhando inclusive ítens, pistas, e se o inimigo está nervoso, armado e de armadura, e também permite escutar melhor as conversas. Sim, os capangas dialogam entre si, e falam uma infinidade de coisas relativas ao que está acontecendo em Arkham (dá até vontade de ficar parado ouvindo). Mais um ponto positivo pelo capricho no nível de detalhes.

A movimentação e o combate merecem destaque, pois estão sem dúvida entre os melhores elementos do jogo. Batman pode planar usando sua capa quando salta e usar sua arma de gancho para chegar a algum lugar. A movimentação no geral é muito fluida e agradável e o sistema de combate que já era bom no jogo anterior ficou ainda melhor nesse. É possível contra-atacar vários golpes, fazer ataques aéreos e realizar vários combos novos. O último jogo de herói que tinha trazido uma movimentação de combate tão empolgante eu diria que foi o The Amazing Spider-Man, lançado depois desse jogo, mas ainda assim é um pouco menos empolgante. Os únicos "defeitos" em relação a isso é que é tão bem feito e flui tão bem na jogabilidade que você chega até a fazer alguns golpes sem tentar conscientemente (e se não estiver acostumado pode derrotar inimigos quase sem querer) e além disso por vezes ele faz alguma movimentação impossível até mesmo para o próprio Batman. Pareceu ser uma escolha da Rocksteady priorizar beleza e fluidez de combate ao invés da física. A dificuldade do combate obviamente vai depender do nível de dificuldade em que você está jogando.



Cada tipo de inimigo deve ser derrubado de uma maneira diferente, apenas socos e chutes no corpo não irão adiantar muito contra um inimigo de armadura por exemplo. Inimigos usam armas diferentes e podem pegar armas que estiverem espalhadas pelo cenário. Ah, e os bandidos comuns são de gangues diferentes, sendo as principais a do Duas-Caras, do Coringa e do Pinguim, e portanto rivalizam entre si.

Combates e missões dão pontos de experiência. Ao subir de nível, o jogador pode ir desbloqueando equipamentos, combos, e outros upgrades para Batman e Mulher-Gato. Também existem alguns mini-jogos para desbloquear upgrades, mas esse acaba se tornando um ponto fraco do jogo. Fazer os mini-jogos de planar acabam sendo mais irritantes que divertido e muitos jogadores simplesmente deixam isso de lado (eu fiz a mesma coisa).

O único ponto fraco é que o jogo poderia ser mais longo. Você não vai demorar muito pra fechar se ficar somente na história principal. No entanto, as várias missões secundárias disponíveis vão acabar te prendendo por mais tempo em Arkham. Ao zerar você abre o famoso "new game +" com tudos os seus upgrades e inimigos mais difíceis, além de não aparecer na tela o ícone que avisa quando tiver um ataque inimigo em iminência.

O jogo infelizmente não possui multiplayer, mas também não se limita ao modo história. Existem mapas de desafios que possuem um determinado objetivo (geralmente envolvendo derrotar inimigos) e no final de cada desafio você ganha uma pontuação que depende da sua performance e ela pode ser exibida num ranking online.

Devo acrescentar que o jogo proporciona uma imersão fantástica graças a alguns caprichos técnicos da Rocksteady. Cenários que beiram a perfeição, clima bastante sombrio, dublagem excepcional de praticamente todos os personagens, ambientação em geral excelente, uma trilha sonora que definitivamente não deixa a desejar, cutscenes muito boas... acho que vocês entenderam o recado


Versão para Wii U e detalhes adicionais

A "Armored Edition" trouxe algumas pequenas diferenças em relação ao jogo básico. Pra começar, tinha agora o modo Battle Armored Tech (B.A.T... sim, é isso mesmo) que consiste em traje de batalha novo para Batman e Mulher-Gato. Com isso, durante o combate ele vai aumentando sua energia e entra no modo BAT quando ativado, causando mais dano e detectando melhor a presença do inimigo (quase um par de anteninhas de vinil).

As DLCs traziam skins novas e personagens novos. Agora é possível jogar um curto modo história envolvendo Batman e o Robin Tim Drake chamado "A Vingança de Arlequina", em eventos que passam após o término do modo história. Também adicionou ele e Asa Noturna no modo desafio (assim como a Mulher-Gato). Por fim, os DLCs também trouxeram skins adicionais.

Outras diferenças em grande parte ficaram por conta do gamepad. Em primeiro lugar a clássica opção de usar apenas o gamepad pra jogar, deixando a televisão de lado. Mas jogando normalmente, ele ganha outras funções, como a ativação de um sonar. Em geral ele serve de batcomputador para acessar os equipamentos, checar evidências, acessar o banco de dados e etc, mas também exibe o mapa do jogo. Resumidamente pode-se dizer que grande parte do seu uso é para fazer uso de coisas que em outros consoles ou no pc obrigaria o jogador a abrir um menu. Ou seja, tem elementos que tanto facilitam quanto podem dificultar durante o combate (afinal, a porrada continua enquanto você tá mudando de arma). Já na parte sonora, o som que sai da TV é o som ambiente do jogo, mas é do gamepad que sai o som quando, por exemplo, a Oráculo está falando com Batman, simulando o fone/transmissor dele.


O único problema dessa versão são algumas falhas técnicas, principalmente em relação a instabilidade de frames em alguns momentos., fazendo inclusive com que as notas nas reviews na época de seu lançamento fossem um pouco abaixo do esperado. Além disso, na versão do Wii U o visual dos personagens é mais destacado em comparação a outros consoles enquanto que do cenário pareceu não ser priorizado. No entanto, essas coisas de forma alguma vão estragar a sua jogatina.


Visual - 9/10
Jogabilidade - 9/10
Som - 10/10
História - 10/10
Carisma - 10/10

Nota Geral: 9,6/10


Talvez vocês devam estar se perguntando o porquê de mais um post de jogo de herói da DC, o porquê de um Batman de novo e etc... bom, é uma questão de agenda!  Mas se você está saturado, preocupe que não haverá outro até que eu consiga a oportunidade de jogar o próximo da série Arkham, e também pra não posar de fanboy da DC Comics desde já eu prometo que antes disso farei uma análise merecida de Lego Marvel :P
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