Um dado na logo diz muita coisa...

Você gosta de RPG? De que tipo? Se você é daqueles que gosta não apenas dos que se tornaram clássicos do videogame (Final Fantasy, Chrono Trigger e uma infinidade de outros) e dos MMO, mas também já se divertiu muito jogando os clássicos RPGs de mesa (ou pelo menos tem interesse nesses), sugiro que preste atenção nesse post porque agora é hora de falar de um exclusivo do 3DS com uma proposta diferente de outros RPGs.

A produtora independente Level-5 agrupou jogos completamente distintos e sem relação um com o outro em "pacotes" em parceria com alguns designers de jogos para serem lançados exclusivamente na eShop do Nintendo 3DS. Guild01 foi o primeiro pacote e um de seus jogos foi justamente Crimson Shroud. Foi criado por Yasumi Matsuno, que já havia desenvolvido títulos como Vagrant Story, Final Fantasy XII, Final Fantasy Tatics e outros, teve ilustrações feitas por Hideo Minaba e música por Hitoshi Sakimoto.



Para melhor compreendermos o jogo em si, precisamos deixar o enredo em segundo plano essa análise. Não que ele seja ruim, pelo contrário - é bem escrito e a história é tão boa que se vocês pesquisarem vão ver que foi largamente elogiada. No entanto, ela ainda assim acaba não sendo um dos principais elementos do jogo (como muitas vezes é em RPGs), e acredito sinceramente que ela possui mais méritos por como as coisas acontecem e são contadas do que pelos fatos em si.

É a história de Giauque, um "Chaser" (alguém que encontra pessoas), típico personagem de espada, e seus aliados Frea (que lembra o clássico White Mage) e Lippi (arqueiro). O jogo se passa mil anos no passado e antes não havia mágica no mundo, porém ela passou a se tornar algo completamente comum e normal. Os heróis precisam encontrar o Crimson Shroud, artefato que é tido por ser a fonte original de mágica no mundo, também referenciado como a "dádiva original".

O interessante da proposta da jogabilidade, da estética e da narrativa do jogo é que é tudo feito pensado nos RPGs de mesa. Já que falamos do enredo, vamos começar por aí: há a presença de texto escrito na tela como se fosse a fala de um mestre narrando uma aventura para seus jogadores acompanhado de imagens estáticas. Nada de cutscenes, que pra falar a verdade nem fazem falta, o que é um mérito para um jogo lançado em 2012. Há algumas decisões que podem ser tomadas, mas quase não possuem impacto. Os inimigos em geral são esqueletos, monstros mitológicos, criaturas como goblins e etc, ou seja, inspiração no universo fantástico medieval europeu que estamos todos acostumados, com direito a palácio, masmorra...

Sobre a estética, os personagens são representados na maior parte do tempo por miniaturas com base, como as que são muitas vezes usadas em RPGs de mesa. No jogo você passa por "áreas" diferentes, cada qual com seu mapa que é exibido na tela inferior e cada mapa tem um estilo que parece ter sido um mapa antigo desenhado manualmente. Você deve navegar por esse mapa e em cada lugar encontrará inimigos ou simplesmente um baú ou algo que é um segredo a ser desvendado ou mais de uma dessas coisas ao mesmo tempo, então não há andanças.

Uma coisa de Crimson Shroud que acaba não parecendo com os RPGs de mesa é a linearidade. Apesar de provocar a imaginação do jogador muito mais que os RPGs modernos de videogames (isso é parte muito importante da experiência de jogar), o jogo não é do tipo que oferece muitas opções. Você precisa fazer o que deve ser feito e muitas vezes isso não é bem explicado e pode deixar alguns jogadores presos em alguma parte (mais de uma). Quando jogar, muito provavelmente haverá pelo menos um situação em que você vai recorrer ao Google para saber o que deve fazer para avançar, por mais que odeie fazer essas consultas, e em determinados momentos você precisa entrar várias vezes no mesmo lugar porque nem sempre o inimigo dropa o ítem que você precisa, então é necessário lutar com ele várias vezes até conseguir. São pontos muito negativos do jogo porque a situação chega a ser frustrante.

O sistema de combates é bem interessante. Ele acontece por turnos e você faz uso de dados para atacar (pra não ser repetitivo, não vou dizer que é como nos RPGs de mes... droga, eu disse), pegando-os e lançando com a touchscreen. Há também sistema de dados bônus que você pode conseguir. Outra coisa diferente é que os personagens não sobem de nível, apenas conseguem ítens que dão mais bônus aos atributos. Você também pode unir um ítem a outro (sob certas condições), criando assim ítens mais poderosos. Um grande problema é que a campanha do jogo é bem curta, então para aumentar o tempo de vida útil faz-se uso do modo "new game +" que fica disponível após zera-lo pela primeira vez, onde os inimigos estarão bem mais fortes e você já começa com o inventário que você tinha ao terminar o jogo.




Conclusão

Você gosta de jogos indies baratos? Invista nesse. Você sempre gostou de RPG de mesa e queria testar algo diferente dos habituais RPGs de videogame? Vale a pena tentar Crimson Shroud. É do tipo que liga pouco pra jogabilidade e mais pra histórias bem contadas com uma boa trilha sonora? Não deixe de conferir esse título. Gosta de sempre dar uma olhada em lançamentos indie? Então já deveria ter jogado esse!

Se você não é nenhuma das coisas acima, ainda assim vale a pena tentar jogar. Mas se além disso você só gostar de aventuras longas, mais liberdade, jogabilidade completamente intuitiva e não gosta de ler muito... Crimson Shroud não é pra você.

Visual - 8/10
Jogabilidade - 6/10
Som - 10/10
História - 9/10
Carisma - 7/10

Nota Final - 8/10
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